Dirigentes sindicais de todo o país elegeram no sábado (28) a diretoria que estará à frente da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) no quadriênio 2018-2022. Para a presidência foi reeleito o atual presidente da entidade e também presidente do Sindicato dos Vigilantes da Bahia, José Boaventura, e a secretaria geral permanece com o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Niterói, Cláudio José. Já a secretaria de Finanças será assumida pelo vice-presidente do Sindicato dos Vigilantes do DF, Regivaldo Nascimento.
O presidente do Sindivigilantes do Sul, Loreni Dias, passa a integrar a direção, no cargo Secretário de Relações Intersindicais. A nova diretoria toma posse em 1º de fevereiro de 2018.
Para o presidente reeleito José Boaventura, a nova gestão tem à frente desafios como os ataques às conquistas dos trabalhadores. “Não temos alternativa, senão enfrentar”, reforçou. “Nossa eleição é justamente a continuidade desse chamamento para enfrentar esses desafios atuais. São mais de 25 anos de lutas e, mais do que nunca, precisamos reavivar esse compromisso. Não há espaço para recuo”, destacou Boaventura.
Boaventura destacou ainda o sucesso do Congresso, que municiou os trabalhadores do setor com propostas que de fato orientam a avançar na luta e não aceitar retrocessos. “O Congresso mantém a energia e vigor da categoria, dessa parte viva do movimento sindical. A parte que entregou os pontos aos patrões nós não contabilizamos”, afirmou.
Estatuto da Segurança Privada
No primeiro dia do Congresso Nacional dos Vigilantes, durante a participação do senador Paulo Paim, os delegados presentes aprovaram a proposta de Paim de tentar levar o texto do Estatuto da Segurança Privada para votação em Plenário o mais rápido possível. Isso só foi possível graças à forte atuação da CNTV em defesa da categoria. O diálogo com a Contraf-CUT, Polícia Federal e todos os outros envolvidos no debate no Senado Federal, garantiu que fossem retirados do texto itens que eram prejudiciais aos trabalhadores.
A deputada federal Erika Kokay falou sobre a tentativa de inserirem a atividade bancária – e com isso a segurança – como assunto de interesse nacional. “É contraditório dizer que uma atividade é essencial, mas que não pode ter um piso nacional. Não faz sentido um vigilante de um órgão ter um salário e outro trabalhador do mesmo órgão, mas em outro Estado, ter um salário completamente diferente”, criticou. “Mais do que a defesa do patrimônio, nós queremos é a defesa da vida. A vida ninguém repõe e vigilante é protetor da vida”, concluiu.
Compromisso de luta pelos vigilantes
Durante o evento, os vigilantes aprovaram a carta-compromisso para 2018, com orientações para as entidades filiadas e compromissos assumidos para a agenda do próximo ano. A luta pelo piso nacional de R$ 3 mil, a construção de negociação coletiva unificada nacionalmente e o não-parcelamento do 13º ou outros direitos dos trabalhadores fazem parte do documento. A CNTV também reiterou a orientação de não assinar qualquer tipo de acordo ou convenção que reduza o salário dos vigilantes.
Negociações coletivas
Segundo o supervisor Técnico do Dieese, Max Leno, o cenário é desfavorável, mas é necessário resistir. Mesmo com a crise, houve saldo positivo em relação aos reajustes e piso salarial. O estudo mostrou ainda que nos últimos dez anos os vigilantes obtiveram crescimento significativo nas negociações. “O cenário é complicado para toda classe trabalhadora, diante disso, é necessário que seja encontrada uma solução conjunta e a luta para intensificar a atuação sindical é uma das saídas possíveis para garantir e defender os direitos”, explicou.
Reforma Trabalhista e Previdenciária
Paim denunciou as reformas impostas pelo governo golpista de Temer e seu ataque descarado aos trabalhadores. Segundo ele, especificamente sobre a reforma previdenciária, o nível é tão baixo que até mesmo os idealizadores da Reforma começaram a recuar. “Escreveram tanta bobagem que começaram a voltar atrás e a falar em flexibilização. Eu não quero flexibilização, eu quero é que não passe, e se continuarmos mobilizados e deixarmos bem claro para cada deputado e senador que quem votar nessa maldita reforma da previdência nunca mais vai se eleger para cargo nenhum, podemos parar essa nova tentativa de golpe contra os trabalhadores”, afirmou.
Conjuntura Nacional e Internacional
A necessidade de resistência, mobilização, organização e luta foram destaque no debate sobre conjuntura nacional e internacional no 9º Congresso Nacional dos Vigilantes, realizado nesta quinta-feira (26), em Brasília. O ex-ministro da Previdência Ricardo Berzoini, o deputado distrital e diretor da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) Chico Vigilante e o presidente da CUT-GO, Mauro Rubens, foram os palestrantes.
Para Berzoini, a população está sendo diretamente afetada pelo golpe parlamentar e midiático orquestrado no Brasil. Os reflexos dos ataques à democracia já chegaram juntamente com o fim da soberania nacional e as nocivas reformas trabalhista e previdenciária. “O papel do movimento sindical frente a esses problemas é intensificar a mobilização e batalhar para formar trabalhadores e trabalhadoras conscientes. Vivemos um período de completo estado de exceção, onde os direitos dos pobres são retirados diariamente em favorecimento dos interesses da minoria burguesa. Nossa luta deve ser constante. Vamos acabar com a perseguição à esquerda brasileira. O futuro do país está nas mãos da classe trabalhadora e a luta e unidade são a chave para barrar os retrocessos”, concluiu.