Na última quinta-feira, o presidente do sindicato, José Airton Trindade, o diretor Luiz Henrique Aguiar e a diretora Cristilorem Luz participaram de uma reunião na Trensurb com o diretor de Operações, Ernani da Silva Fagundes, para tratar do sistema de segurança da empresa. A motivação foi o assassinato, em 13 de maio, do ex-diretor do sindicato Marlon Celso da Costa, agredido brutalmente por um grupo de homens na plataforma de embarque da Estação Anchieta. Ele não resistiu aos ferimentos e faleceu logo depois.
Os dirigentes sindicais questionaram o número de seguranças e sua atuação nas áreas de embarque, já que os agentes chegaram ao local apenas depois de Marlon ter sido espancado. O diretor de Operações afirmou que havia dois seguranças na entrada da estação naquele dia, e outros dois chegaram em seguida devido à operação especial que havia sido montada por causa de um jogo do Grêmio, com apoio da Brigada Militar.
Segundo Fagundes, os agressores pagaram passagem, passaram pelas roletas como usuários comuns e foram até a plataforma onde Marlon estava, sem levantar suspeitas. “A forma como aconteceu foi muito rápida. Tínhamos agentes na entrada, mas não na plataforma”, explicou. Quando os seguranças chegaram, o grupo agressor já havia fugido.
Os representantes do sindicato relataram que Marlon trabalhava na Ceasa, um local de grande circulação de pessoas, algumas inclusive com antecedentes criminais e que por vezes criam conflitos com os vigilantes. Naquele dia, ele e colegas tiveram um atrito com um ex-apenado que estava clandestinamente na Ceasa, conforme os relatos. Esse indivíduo, posteriormente, reuniu comparsas para atacar Marlon quando ele voltava para casa.
“Isso causou um impacto muito grande na categoria. Ninguém se conforma com o que aconteceu e não queremos que isso caia no esquecimento, queremos justiça”, afirmou o presidente José Airton. O diretor Aguiar, que já trabalhou na Ceasa, reforçou os riscos enfrentados pelos vigilantes que atuam no local.
Cobertor curto
“Diante dessas informações, vamos reforçar a segurança naquela estação”, disse Fagundes, que estava acompanhado do chefe da Segurança, Giuliano Boeck, e do gerente de Operações, Vinícius Nunes. No entanto, ele ressaltou a limitação de pessoal na equipe: “Temos o cobertor curto, não conseguimos colocar seguranças o tempo todo em todas as estações”.
Atualmente, a Trensurb conta com 170 seguranças concursados, distribuídos em três turnos, atuando nas plataformas, nos trens e na prevenção aos furtos de cabos de energia. A empresa MZ presta apoio apenas na vigilância patrimonial dos prédios e estações de energia. Fagundes destacou que essa contratação é exceção, pois uma lei federal (nº 6.149) proíbe a terceirização da segurança nos metrôs.
Ele também mencionou que, por estar incluída no plano de privatizações, a Trensurb enfrenta obstáculos para realizar concursos públicos, inclusive para a área de segurança.
O sistema é complementado pelo monitoramento por câmeras, com duas centrais – Central de Controle de Operações e Central de Controle de Segurança –, que foram apresentadas ao presidente e aos diretores após a reunião. As imagens do crime foram entregues à Polícia Civil e, segundo informaram, seis pessoas participaram da agressão. Quatro já foram identificadas, mas até o momento ninguém foi preso.
Por fim, o diretor de Operações lamentou o ocorrido e reafirmou o compromisso de dar mais atenção à estação utilizada pelos vigilantes da Ceasa. “Ainda estamos em reconstrução após a enchente. Esse foi um acontecimento muito ruim para a instituição e para nosso serviço, por uma situação que não se originou dentro do sistema da Trensurb, somos vítimas disso também”, declarou.
A diretoria do sindicato ficou com os contatos dos responsáveis pela segurança da Trensurb para manter a troca de informações e seguir cobrando por mais segurança para a categoria e demais usuários do metrô, que transporta 90 mil pessoas por dia entre a capital e Novo Hamburgo.
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