“O suicida não quer morrer, quer acabar com a sua dor”, afirmou a psicóloga Marisa Couto da Silva, na sua palestra sobre “Valorização da vida e prevenção ao suicídio”, realizada pelo Sindivigilantes do Sul, sábado (23).
Mesmo numa manhã chuvosa, foi muito bom o comparecimento de vigilantes e ASPs, quase lotando o auditório do Sindiferroviários, local do evento de apoio à campanha do Setembro Amarelo.
Além de participantes da capital e cidades vizinhas, também vieram muitos profissionais do interior, muitos da Região Carbonífera, Veranópolis e também o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Pelotas, Marcelo Pucinelli Alves.
A diretora Elisa Araújo coordenou a palestra e explicou que o presidente Loreni Dias precisou se ausentar, porque foi convocado para um encontro da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), em Brasília, no final de semana, para discussão da campanha salarial de 2024.
“O sindicato aderiu à campanha do Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio, e está fazendo tudo que é possível, tudo que está ao nosso alcance, para oferecer apoio emocional aos vigilantes e ASPs”, disse Elisa.
O maior mito do suicídio
Segundo a palestrante Marisa Costa, as razões que podem levar alguém a pensar e planejar a ideia de tirar a própria vida são muito complexas.
Fatores físicos e emocionais, a partir de algo que se modifica na vida da pessoa, podem funcionar como “gatilho” para isso, tais como o luto, o fim de um relacionamento ou uma doença.
Ela ressaltou bastante o risco para quem está passando por depressão ou também o “Burnout”, que são episódios depressivos relacionados ao trabalho.
“O maior mito do suicídio é ‘quem fala não faz”, porque quando a pessoa começa a falar em se matar, está (na verdade) pedindo socorro, fazendo um pedido de ajuda”, alertou.
“É preciso dar crédito à dor que a pessoa está sentindo, e quando alguém começar a falar em ‘morte’, mudar seu comportamento, se isolar, não fazer mais o que gostava, a gente deve ficar alerta”. completou.
Melhor forma de ajudar
A melhor forma de ajudar, conforme a psicóloga, é ser acolhedor, e saber ouvir quem está pensando em suicídio e indicar onde a pessoa pode buscar ajuda especializada. “O básico é ouvir o outro, sem preconceito, sem julgar, só assim a gente pode ajudar, porque o preconceito mata”, afirmou.
Também estava presente o assessor jurídico Maurício Vieira da Silva, que ressaltou as condições difíceis de trabalho da categoria, e ainda sofrendo, frequentemente, o calote de empresas que não cumprem seus compromissos com os trabalhadores.
“A terceirização no Brasil precarizou o trabalho e nas licitações quem ganha pelo menor preço não têm condições de honrar os pagamentos dos trabalhadores, que ficam sem receber. Isso expõe o trabalhador a situações que muitas vezes o levam ao desespero”, disse.
Num momento mais descontraído, a psicóloga citou os casos de quem se desespera pelo fim de um relacionamento, uma situação que é muito comum. Ninguém pertence a ninguém, lembrou: “O amor é feito para nos trazer felicidade e alegria, mas se não traz mais, deixa o outro ir, que vá com Deus”, aconselhou.
Lançamento da cartilha
No evento foi lançada a cartilha “Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio”, produzida pela psicóloga e a assessoria de comunicação do sindicato, que será distribuída à categoria na sede e nos postos de trabalho.
A publicação traz orientações básicas e indicações de onde procurar ajuda, como o atendimento psicológico gratuito que o sindicato oferece (basta ligar e marcar consulta), e o telefone 188 do CVV – Centro de Valorização da Vida.
O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.
SE PRECISAR, PEÇA AJUDA!
Saiba mais:
www.cvv.org.br/
www.setembroamarelo.com