Os patrões mandaram uma resposta aos vigilantes, no final da tarde de ontem, depois de fechado o expediente, com uma proposta pior que a anterior. Na assembleia da manhã de hoje, quarta-feira (24), a categoria respondeu, outra vez, com um “não” por ampla maioria – 67 votos a 28. Falta, agora, ouvir a decisão da assembleia da noite, mas isso já é um indicativo da indignação que causou a tentativa patronal de enfiar goela abaixo dos trabalhadores mudanças que nem haviam sido discutidas nas reuniões de negociação.
Eram 18h08, ontem, quando chegou o documento do Sindicato das Empresas de Segurança Privada (Sindesp-RS), mantendo o mesmo índice de reajuste (11%), vale alimentação de R$ 17,40 e a promessa de repor a diferença da inflação (que chegou a 11,31% na data-base) no próximo dissídio. Para surpresa geral, enxertaram novas escalas: 1×1, 2×1, 3×1, 4×1, 5×1, 5×2 e mantiveram a 4×2, que os vigilantes rejeitam.
“Para nossa surpresa, surgiram cláusulas novas, que outros sindicatos do Estado já assinaram o acordo e que já está registrado no Ministério do Trabalho”, assinalou Arthur Orlando Dias Filho, da assessor jurídico do sindicato. Estava acompanhado na assembleia, realizada no auditório da Igreja Evangélica de Confisão Luterana, Jorge Airton Brandão Young, que também integra o setor jurídico.
Na sexta-feira, foi encaminhada à patronal a proposta da categoria, reivindicando reposição integral da inflação (11,31%), R$ 18,00 de vale alimentação, o fim da escala 4×2 e manutenção da 12×36. Porém, os patrões querem forçar a categoria a assinar os mesmos acordos que os sindicatos filiados à Federação, como Santa Cruz do Sul e Santa Maria entre outros, inclusive com essas novas escalas.
“É muito difícil fazer um dissídio dessa forma, com a categoria dividida. A patronal disse que não assina dois dissídios (diferentes), esse dissídio está comprometido pela Federação”, afirmou o presidente do Sindivigilantes do Sul, Loreni Dias.
Uma notícia publicada no próprio site da Federação confirma que a sua direção participou das reuniões de negociação da patronal com os sindicatos que assinaram antes da data-base e antes de saber o índice da inflação. Estava na assembleia Paulo Everton, que confirmou (está gravado) que é diretor da Federação, ou seja, ajudou a negociar e aceitou a proposta patronal. A assessoria jurídica mostrou que dia 28 de janeiro os sindicatos da Federação já tinham assinado os acordos com o Sindesp.
“O intuito desses elementos, que se dizem da oposição, é apenas tumultuar a assembleia e dividir a categoria, querem fazer campanha eleitoreira no meio do dissídio”, protestou o presidente Dias. “Esse mesmo cidadão (Paulo Everton) senta na mesa da patronal com a Federação, da qual é dirigente, e aceita uma proposta que é uma traição contra a categoria”, completou o presidente.
A assembleia da noite está marcada para 20h, em primeira chamada, e 20h30, em segunda chamada. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil fica localizada na Rua Senhor dos Passos, 202, no Centro de Porto Alegre.
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