O Sindivigilantes do Sul participou, no início da tarde desta quarta-feira (21), do ato público convocado pelo Sindicato dos Bancários, em frente à Prefeitura de Porto Alegre, para protestar contra o projeto aprovado na Câmara Municipal que retira as portas giratórias das agências bancárias e reivindicar que o prefeito, Sebastião Mello, vete o projeto: “Veta, Mello!”, foi o grito de protesto e e apelo dos participantes da manifestação.
Estavam presentes também, com seus representantes, a CUT-RS, a Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, a Federação dos Trabalhadores em Instituições Financeiras (Fetrafi-RS), entre outras entidades, trabalhadores e trabalhadoras de diversas agências da capital.
Aprovado semana passada, dia 14, o projeto é de autoria do vereador Ramiro Rosário (PSDB) e altera a Lei nº 7.494, de 15 de setembro de 1994, que obriga as agências e os postos de serviços bancários onde haja cofre, guarda ou movimentação de dinheiro a instalarem a porta eletrônica de segurança individualizada, na forma de porta giratória ou de sistema de eclusa.
Na prática, o texto desobriga a instalação da porta eletrônica se houver Plano de Segurança aprovado pela Polícia Federal nos termos da Lei Federal nº 7.102, de 20 de junho de 1983; nos Postos de Atendimento (PA) e Postos de Atendimento Eletrônico (PAE). Para entrar em vigor, só falta a sanção (assinatura) do prefeito.
Representando o Sindivigilantes, a diretora Elisa Araújo (foto) lembrou que são os vigilantes que estão presentes na entrada das agências, todos os dias, cuidando da segurança de bancários e clientes, protegendo a vida das pessoas. Ela mesma, anos atrás impediu um assalto a uma agência.
Mas, agora, estão todos muito preocupados com a possibilidade de não existirem mais as portas giratórias, que são fundamentais nessa tarefa: “Isso é inadmissível, porque num município em que a criminalidade é grande, a gente precisa de mais segurança, em vez disso querem reduzir a nossa segurança, porque muitas vezes já enfrentamos situações complicadas mesmo com a porta giratória, imagina sem elas”, advertiu.
E não é apenas a segurança de todos, trabalhadores e clientes, que fica comprometida, também os empregos dos vigilantes ficam sob risco com esse projeto. Por isso, finalizando sua manifestação, Elisa mandou um recado direto ao prefeito Sebastião Mello:
“Fazemos um apelo que o prefeito Mello vete esse projeto, porque até o momento ninguém nos ouviu, nenhum vereador ouviu os bancários e os vigilantes para aprovar esse projeto, em nenhum momento nos deram a oportunidade de falar sobre segurança bancária para eles”, disse. “Queremos ser ouvidos antes do prefeito vir a sancionar essa lei, que ele abra as portas para a gente, porque o nosso povo que está muito preocupado com isso. Não a esse projeto, veta, Mello”, concluiu.
Sem audiência pública e sem discussão com a sociedade
Já o diretor do Sindicato dos Bancários e vice-presidente da CUT-RS, Éverton Gimenez, ressaltou que na aprovação da lei que implementou as portas giratórias na capital foram ouvidas todas as entidades e instituições envolvidas no tema, como bancários, vigilantes, Brigada Militar, Polícia Federal, entre outras.
Desta vez, no entanto, não teve audiência pública e nenhuma discussão com a sociedade. O projeto foi votado em apenas seis meses, após passar por somente duas comissões da Câmara de Vereadores: “É uma lei inconstitucional, que fere a vida e foi feita sem nenhuma democracia, é a Lei da Insegurança Bancária, porque no fundo ela tira a segurança das agências”, acrescentou.
O diretor e ex-presidente da CUT-RS Claudir Nespolo destacou que o projeto “fragiliza toda uma conquista de proteção das pessoas, não pode ser normal a Câmara de Vereadores, a toque de caixa, aprovar e agora o prefeito sancionar a lei sem escutar as entidades, os sindicalistas, que lutaram para ter proteção para os trabalhadores e para os clientes”.
Além disso, os banqueiros reduzem custos com esse tipo de medida, mas não rebaixam suas tarifas e não contratam mais funcionários, só aumentam seus lucros, completou.
Ganância dos banqueiros
No encerramento do ato, o presidente dos bancários, Luciano Barcellos, afirmou que “o grande problema, como sempre, é a ganância dos banqueiros”, que usam de justificativas esdrúxulas para a diminuição da segurança que a retirada das portas giratória vai trazer. Eles dizem, por exemplo, que precisam reduzir custos para enfrentar a concorrência das cooperativas de crédito e outras instituições com operações financeiras, que não têm a obrigação das portas giratórias.
Mas, em vez de tirar os equipamentos dos bancos, a melhor solução é obrigar as demais instituições que trabalham com dinheiro a também terem a porta giratória, disse Luciano. Os bancos argumentam ainda que não tem mais assaltos às agências bancárias, mas isso decorre justamente da presença das portas giratórias, que impedem os assaltantes de ingressarem armados nas agências, destacou o presidente.
Por fim, foi informado que o Sindicato dos Bancários já solicitou uma audiência com o prefeito para tratar do assunto e reforçar o pedido do veto à lei. O Sindivigilantes pretende estar presente nesta reunião com Mello também.
“Veta, Mello, veta, Mello!”, reivindicaram todos juntos, nas escadarias da Prefeitura.
Representação do Sindivigilantes no ato, om Claudir Nespolo e Éverton Gimenez, dirigentes da CUT-RS