A direção do Sindicato dos Empregados das Empresas de Vigilância e Segurança do Rio Grande do Sul (Sindivigilantes do Sul) vem a público manifestar o seu mais veemente repúdio à barbárie ocorrida a noite passada no supermercado Carrefour do bairro Passo D’Areia, em Porto Alegre, onde foi assassinado o cidadão negro João Alberto Silveira Freitas, agredido covardemente diante da sua esposa por dois indivíduos, um segurança e um PM temporário, segundo as informações divulgadas até o momento.
Queremos prestar os nossos mais profundos sentimentos e nossa solidariedade à esposa e demais familiares da vítima, que se veem atingidos por mais um episódio de violência injustificável, gratuita, que vem sendo estimulada no país por uma cultura de ódio e intolerância, resultando muitas vezes em tragédias como essa, que atingem predominantemente a população negra. Não é sem razão que Porto Alegre amanheceu hoje, exatamente no Dia da Consciência Negra, abalada por essa notícia e pelas imagens chocantes do ocorrido.
Nos somamos a todos os protestos da sociedade contra isso, pedindo também a apuração completa dos fatos e a responsabilização de todos os culpados, não apenas dos responsáveis diretos, mas também daqueles que de alguma forma incentivaram esse comportamento de quem exerce a segurança do estabelecimento e da própria rede. Infelizmente, algumas grandes redes adotam políticas temerárias de segurança com as empresas contratadas para este serviço, parecendo muito mais preocupadas com a segurança das suas mercadorias do que das pessoas que frequentam seus estabelecimentos.
Por vezes chegam a contratar, como medida de economia, pessoas de outras áreas para funções como “vigia” ou “segurança”, como parece ser o caso, sem a qualificação necessária para a função, colocando em risco principalmente a vida dos seus próprios clientes. Isso também acontece com frequência em lojas de outros ramos, com o emprego, inclusive, de policiais militares e serviços clandestinos de segurança.
Também devemos esclarecer que nenhum dos dois envolvidos nesse assassinato consta em nossos registros como associado do sindicato ou vigilante. O procedimento adotado pela dupla de agressores nesse caso, aliás, contraria toda a técnica e as normas de conduta exigidas dos profissionais da vigilância, que passam por cursos de formação e reciclagens periódicas, a cada dois anos, sendo treinados para o exercício da profissão com ponderação e cuidados extremos para a preservação das vidas, em primeiro lugar.
Quanto à empresa envolvida, do Grupo Vector, ela já havia sido notificada por nosso sindicato, recentemente, pelo descumprimento de diversos direitos trabalhistas, além da contratação de pessoas para esse trabalho sem a Carteira Nacional de Vigilante, entre outros itens.
Nossa categoria profissional se sente toda ela atingida e igualmente chocada por esse episódio. Neste sentido, reafirmamos nossa solidariedade à família da vítima e nosso repúdio a essa violência injustificável, inaceitável. Estamos juntos com os que pedem justiça e solicitamos às autoridades responsáveis pela fiscalização dos serviços de segurança privada, à imprensa e também às empresas do setor, que tenham mais atenção para as práticas de segurança dessas redes, para que não aconteçam mais tragédias como essa. Que isso nunca mais se repita!
Loreni dos Santos Dias – Presidente
Observação: O texto foi corrigido para informar que o crime aconteceu na noite passada e não hoje, com a repercussão nesta manhã, quando o fato foi amplamente noticiado.