“Desrespeito brutal e escandaloso”: deputados criticam bancos por tratamento desumano aos vigilantes

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Sindivigilantes apresentou denúncias na Comissão
de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa

Os deputados presentes à sessão ordinária desta quarta-feira (14) da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa criticaram duramente os bancos Santander, Bradesco e Sicredi pelo tratamento desumano que praticam contra os vigilantes que fazem a segurança nas suas agências. Eles ficaram espantados com as denúncias do Sindivigilantes do Sul de que os trabalhadores estão proibidos de almoçar, entre outros problemas, uma prática que começou pelo Santander.

Convidados a falar, o presidente da entidade, Loreni Dias, e a diretora Mariza Abrão relataram que os vigilantes, contratados de empresas terceirizadas, têm dificuldade até mesmo para ir ao banheiro, pois faltam vigilantes para fazer o revezamento, em virtude dos cortes de pessoal dos bancos. “Hoje o maior problema que temos é com os bancos, porque na hora de fechar os contratos eles reduzem custos e quem sofre, no final das contas, é o vigilante”, afirmou Dias, lembrando que as instituições financeiras são as que mais lucram no mundo.

“Não é justo um trabalhador que trabalha 10 a 12 horas por dia não poder fazer intervalo, sem almoço, sem poder ir ao banheiro e com as mulheres vigilantes, às vezes grávidas, isso é ainda mais sério, é muito injusto”, disse Mariza. Os efeitos para essas pessoas, que trabalham portando armas e equipamentos pesados, são doenças físicas e problemas psicológicos causados pelo cansaço, fome e estresse, denunciaram.

No Sicredi, ressaltaram, trabalha apenas um vigilante por agência, pois a instituição alega que é cooperativa mas, no entanto, tem todas as características de banco, com agências, caixa eletrônico e emissão de cheques. O deputado Pedro Ruas (PSOL), que presidiu a sessão, disse que esta situação se assemelha “à escravidão”, e lamentou que os bancos,  convidados pela comissão, não tenham enviado representantes para apresentar suas explicações.

“Podemos trabalhar com a parceria dos órgãos de fiscalização, Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho, para que comecem a cobrar multas dos bancos, porque estamos lidando com um desrespeito brutal e escandaloso de direitos trabalhistas elementares”, disse Ruas.

“A denúncia é grave, somos parceiros nessa demanda e nos colocamos à disposição para ajudar os vigilantes, intermediar negociações, porque esta é uma luta difícil, contra o poder econômico, contem conosco”, afirmou o deputado Álvaro Boessio (PMDB).

“Eu me comprometo em me aprofundar na questão e dar todo o apoio a vocês que estão sendo prejudicados”, afirmou o deputado Bombeiro Bianchini (PPL). “Esse caso é uma vergonha, os vigilantes são tão exigidos, tem que ter curso, reciclagem, e são deixados na mão (pelos bancos), isto é vergonhoso, não pode ficar assim”, completou o deputado Missionário Volnei (PR).

Estavam presentes diretores e apoios do sindicato e também, sem se manifestar, observadores do Bradesco e o diretor jurídico do Sindicato das Empresas de Segurança e Vigilância, Mário Farinon. Além de acionar o Ministério Público e o Ministério do Trabalho para que fiscalizem esta situação, a comissão deverá marcar uma audiência pública para tratar do assunto, em fevereiro.