Na proposta patronal que está na mesa, cheia de prejuízos para os vigilantes, tem também uma cláusula para amarrar o sindicato e limitar a fiscalização contra empresas picaretas.
Sempre que acontecem atrasos de salários ou outras irregularidades, o sindicato age imediatamente, fazendo notificação da empresa faltosa. E, se for o caso, ingressa logo com ação coletiva na Justiça para garantir os direitos dos vigilantes.
Mas, pela proposta dos patrões, os sindicatos que a aceitarem não poderão mais fazer isso, pois “antes de ingressar com alguma denúncia, processo administrativo ou judicial contra a empresa”, deverão pedir uma “mediação” à entidade patronal, o Sindesp.
Vejam só, será preciso pedir licença aos empresários, antes de tomar qualquer medida para defender o trabalhador.
Era só o que faltava!
Os patrões estão querendo inventar mais uma maneira de enrolar e prejudicar os vigilantes, que seguidamente sofrem com atrasos de pagamentos. Sem contar as empresas que anoitecem e não amanhecem, deixando o trabalhador a ver navios, sem nada no bolso.
“Isso também é inaceitável, não vamos abrir mão do nosso direito de fiscalizar as empresas e tomar, imediatamente, sem perda de tempo, todas as medidas que forem necessárias para proteger o trabalhador”, disse o presidente do Sindivigilantes do Sul, Loreni Dias.
Cláusulas absurdas prejudiciais aos vigilantes
Os sindicatos que já fizeram acordo com a patronal aceitaram esse cala-boca dos patrões, além das outras cláusulas absurdas que são prejudiciais aos vigilantes.
Vejam alguns exemplos (tem muito mais):
– A proposta dos patrões autoriza a redução do intervalo para 30 minutos, a qualquer hora do dia (quando bem entenderem).
– Quando o vigilante não tirar o intervalo, só vão pagar 30 minutos e não uma hora, como determina a lei.
– O risco de vida do ASP vira “ajuda de custo”, que não incide sobre os cálculos do pagamento das férias e décimo-terceiro, FGTS, ou seja, os trabalhadores vão receber menos por estas parcelas.
– Cria a compensação de jornada para os vigilantes de bancos, que serão obrigados a ficar à disposição das empresas para trabalho nos finais de semana, sem receber um centavo a mais por isso.
– Fim do pagamento em dobro dos feriados trabalhados.
– Fim do pagamento da hora prorrogada noturna depois das cinco da manhã e o adicional noturno fica fora do cálculo das horas extras dos intervalos.
– Autoriza a escala 4 x 2, com a redução do intervalo para apenas 30 minutos, indenizando somente 30 minutos, quando for o caso.
– Sem contar que o reajuste de 6 por cento (90 reais no salário básico) não cobre as perdas salariais, que somam 10,47% (157 reais).
– Querem, ainda, que os sindicatos considerem tudo quitado, ou seja, que abram mão de reclamar o que ficou para trás de perdas salariais.
Essa proposta é uma BOMBA contra os vigilantes.
Quem assinou isso cometeu uma traição contra a categoria!
Aumento já, nenhum direito a menos!
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