A CUT-RS e centrais sindicais realizaram um ato no início da manhã desta quarta-feira (18), no Centro Histórico de Porto Alegre, repudiando as manobras de deputados aliados do governador Eduardo Leite (PSDB), em conluio com poderosos empresários, contra a votação do projeto de lei (PL 290/2023) que prevê um reajuste de 9% para o salário mínimo regional de 2023.
O protesto ocorreu em frente ao Salão Nobre da Catedral Metropolitana, ao lado do Palácio Piratini, onde federações empresariais que defendem o fim do chamado piso regional pagaram um café da manhã para deputados da base aliada do governo Leite.
O projeto do piso regional foi enviado com atraso aos deputados pelo governador tucano em 22 de junho, sem regime de urgência, e altera a data-base de 1º de fevereiro para 1º de maio. Ainda se encontra em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa, onde vem sendo alvo de sucessivas e descabidas manobras de parlamentares governistas, impedindo a votação.
Estão negando o direito à reposição da inflação
Além de faixas e bandeiras, as centrais exibiram um banner, denunciando que o atraso na votação pelos deputados significa negar o direito a um litro de leite e três pãezinhos por dia para cerca de 1,5 milhão de trabalhadores e trabalhadoras que recebem o mínimo regional.
“Os empresários querem acabar com o piso regional e hoje estão promovendo um café da manhã com os deputados da base do governo para negar os 9% do reajuste do piso regional aos trabalhadores mais empobrecidos e mais vulneráveis da sociedade gaúcha, como as domésticas”, disse o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
Também os funcionários e as funcionárias de escolas estaduais recebem o mínimo regional.
“A base aliada de deputados do governo Leite, que está no seu quinto ano de mandato, nega o reajuste da inflação para o piso regional, mas reajustou o salário do governador em 32%, além de aumentos salariais ao vice, aos secretários estaduais e aos próprios deputados”, lembrou Amarildo.
O dirigente sindical lembrou que “o Rio Grande do Sul paga hoje o menor piso regional na região Sul do Brasil” e criticou “as manobras de pedir vistas na CCJ, adiando a decisão para a semana seguinte, quando na verdade querem empurrar o reajuste para o ano que vem”.
Para Amarildo, “está sobrando na mesa do patrão, mas está faltando na mesa do peão. Nós queremos votação já do reajuste do piso regional, que representa um litro e três pãezinhos por dia na mesa do trabalhador e da trabalhadora”.
Trabalhador perde um litro de leite e três pãezinhos por dia
O secretário eleito de Relações de Trabalho da CUT-RS, Tiago Pedroso, ressaltou que “é importante esse reajuste no piso regional, pois dá uma condição de vida muito melhor para os trabalhadores e as trabalhadoras. No Paraná e em Santa Catarina os valores do piso são maiores e a economia é mais dinâmica, a massa salarial é maior e tem mais geração de empregos”.
Conforme Tiagão, “é importante que o governo Leite saia da cadeira e encaminhe logo essa votação. Cada dia sem reajuste é prejuízo na mesa do trabalhador e da trabalhadora. É um litro de leite e três pãezinhos por dia faltando na mesa de quem mais precisa”.
O diretor do Sinttel-RS, Marcone Santana do Nascimento, frisou que o reajuste do piso regional significa mais distribuição de renda, melhorando a qualidade de vida da classe trabalhadora.
“São muitos trabalhadores e famílias que dependem do mínimo regional. Deveria ser um compromisso de governo, independentemente de partido, repassar a inflação para repor a perda salarial que os trabalhadores tiveram no período”, salientou Marconi.
Questão ideológica dos empresários
O presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde do Rio Grande do Sul (Fees-RS), Milton Kempfer, disse que “o governador não faz questão nenhuma de dar café para o pobre, pois o piso regional atinge aquelas categorias desorganizadas que precisam de um salário melhor”
Milton criticou a postura das federações empresariais. “É uma vergonha porque, quando é a favor do trabalhador, os empresários que também são beneficiados pelo piso regional, mas por uma questão ideológica, uma questão de não querer dar o braço a torcer, não querem que os deputados votem o piso regional”, criticou.
O presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, reforçou a denúncia de que “as federações empresariais querem convencer os deputados a não votar o projeto do piso regional”.
“Temos em conta que, apesar desse projeto não atender o pedido das centrais sindicais, nós estamos defendendo que ele seja votado de forma urgente na Assembleia Legislativa. São mais de oito meses de espera para esses trabalhadores e trabalhadoras, que são os que mais precisam e os que menos ganham”, ressaltou Guiomar.
Piso regional do RS é R$ 300 a menos que o do Paraná
O deputado estadual Miguel Rossetto (PT) também participou da manifestação e comparou os valores do piso regional no Sul do Brasil.
“No Paraná, que é um estado com economia e população semelhantes ao Rio Grande do Sul, os trabalhadores e as trabalhadoras de lá, desde o dia 1º de janeiro, estão recebendo o piso reajustado e lá ninguém recebe menos que R$ 1.750. Nós estamos entrando em outubro de 2023 e não tivemos reajuste neste ano. Aqui, o piso é de R$ 1.443. São R$ 300 a menos que o do Paraná”, alertou.
Também usaram o microfone dirigentes da CSB e da Fetar-RS que igualmente cobraram a votação do reajuste pelos deputados dentro da maior brevidade possível. Compareceram ainda dirigentes de outras centrais, federações e sindicatos, além de movimentos sociais.
Fotos: Matheus Piccini / CUT-RS
Fonte: CUT-RS