“Aposentadoria fica, Temer sai”, protestam milhares de pessoas em Porto Alegre contra a reforma da Previdência

Dia 15 Claudir
Mobilização da classe trabalhadora conseguiu tirar o tema
da reforma da Previdência da clandestinidade, disse Claudir


Dia 15 Caminhada

Um grande ato na Esquina Democrática, seguido de uma caminhada até o Largo zumbi dos Palmares, no centro de Porto Alegre, encerrou no início da noite desta quarta-feira (15) o Dia Nacional de Paralisação contra a reforma da Previdência. Mais de 18 mil pessoas tomaram as ruas, exibindo faixas, bandeiras e apitos, e gritando palavras de ordem como “Aposentadoria fica, Temer sai”.

O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, ressaltou a grande mobilização que ocorreu no Rio Grande do Sul e no Brasil. “De norte a sul, demos o nosso recado”, destacou .

“Hoje foi um duro dia de combate e a classe trabalhadora, de forma unitária, conseguiu tirar o tema da reforma da Previdência da clandestinidade. Tivemos no dia de hoje greves em 12 categorias, nos setores público e privado, dezenas de paralisações em Porto Alegre e no interior, além de dezenas de passeatas. Neste momento, estão ocorrendo outros 23 atos nas principais cidades gaúchas”. No entanto, ressaltou, essa mobilização ainda não é suficiente para travar a máquina do golpe. Por isso, construir a greve geral é muito importante, mas isso só será possível com muita unidade”, frisou Claudir.

“E hoje eles perderam a campanha de mídia”, afirmou ao destacar a liminar concedida pela juíza Marciane Bonzanini, da 1ª Vara da Justiça Federal de Porto Alegre, que determinou que o governo Temer retire imediatamente do ar as propagandas, veiculadas em qualquer tipo de mídia, sobre a reforma da Previdência.

Para Claudir, as manifestações desta quarta-feira deram um grande passo rumo à construção da greve geral. “Vamos parar o Brasil porque estão ameaçando tirar o nosso futuro”.

“Derrotar as reformas da Previdência e trabalhista”

Ao longo do ato, dirigentes de várias entidades sindicais se revezaram no carro de som para enfatizar as lutas de suas categorias. Foi também destacado que as manifestações marcam uma nova etapa na resistência popular contra os ataques do governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB).

A presidente do CPERS/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, lembrou que hoje marca o começo da greve por tempo indeterminado da categoria, conforme foi aprovado em assembleia geral no último dia 8. “As propagandas do governo golpista sobre a reforma da Previdência são enganosas, um verdadeiro desrespeito à inteligência das pessoas”, disse a professora.

Helenir lembrou também a capa da revista Exame, de janeiro, que trouxe o vocalista da banda Rolling Stones. A chamada destacava que o trabalhador terá que estar na ativa até a velhice. “Por isso, não é a grande mídia que deve nos orientar”, aconselhou.

O coordenador-geral do Simpa, Jonas Reis, salientou as bandeiras de luta dos municipários contra o prefeito Nelson Marchezan Júnior. “A nossa categoria fez uma paralisação massiva hoje. Mas temos consciência de que essa luta é coletiva e a reforma da Previdência é mais uma etapa do golpe”.

Para o presidente do SindBancários, Everton Gimenes, mais uma vez a categoria bancária mostrou que está do lado da classe trabalhadora. Ele citou as diversas atividades realizadas, como as paralisações das agências no centro da Capital. “Já temos uma tradição de luta neste país e vamos estar juntos para derrotar as reformas previdenciária e trabalhista”.

Além disso, os bancários e os servidores públicos enfrentam os ataque dos governos Sartori e Temer. “Deixamos aqui o nosso recado: tirem as mãos dos nossos direitos e do Banrisul. Ele é nosso e vocês do PMDB não irão privatizá-lo”, avisou.

Unidade e mobilização

Representando a Frente Brasil Popular, Tais Beck lembrou a jornada do dia 8 de março e que as mulheres são as mais atingidas pela reforma da Previdência. “O Brasil não sofreu um impeachment, foi um golpe em todos nós e, principalmente, na juventude que vai trabalhar a vida toda e não vai se aposentar”, disse.

Segundo Tais, o atual projeto é pautado na exclusão. “Por isso, estamos nas ruas contra o golpe, com muita unidade. Caso contrário, não teremos um país nos próximos anos”, acredita. “Com unidade e mobilização, vamos vencer esse período”, finalizou.

“O povo precisa estar nas ruas, porque só assim vamos construir um projeto de Nação diferente do que está colocado”, apontou a representante da Frente Povo sem Medo.

A caminhada desceu a Avenida Borges de Medeiros e foi até o Largo Zumbi dos Palmares, ganhando o apoio da população. Vários apartamentos piscaram as luzes em sinal de sintonia com a luta contra as reformas do governo Temer.